Conversei por e-mail com Roger Fernandes (ESYLIUM/DRAGONWINGS) que se mostrou bastante acessível e aberto com relação à sua carreira. Nesta entrevista ele fala sobre a atual situação da DragonWings, sobre o vindouro debut da Esylium e sobre sua participação no SBC Metal Fest.
Paulo Roberto Dias:
Roger, vocês deixaram claro que tocar no SBC Metal Fest seria uma honra, afinal tocariam ao lado de grandes ídolos de vocês. Como foi o festival para vocês?
Roger Fernandes:
Realmente foi uma grande honra. Dividir o mesmo palco com Edu Falaschi e companhia foi incrível. Os caras do Almah são ótimos, bem como o pessoal das outras bandas, foi uma puta festa.
Com relação ao show... bom... tivemos alguns problemas técnicos que dificultaram o andamento da nossa apresentação... Admito que não foi o melhor dia para a ESYLIUM, mas com certeza, mesmo assim, tocamos melhor do que muita banda que poderia estar no nosso lugar.
Paulo Roberto Dias:
Você disse em uma entrevista anterior que a DragonWings estava parada por falta de músicos, embora você tivesse confirmado dois novos músicos e a volta de Rodrigo Salvalágio e que estava tudo certo para o lançamento de um álbum. O que está acontecendo realmente? Qual o real status da DragonWings?
Roger Fernandes:
Bom... eu sou um músico independente, o que significa que eu tenho que bancar meus projetos, afinal, não tenho apoio de nenhuma empresa ou gravadora. Gravar um CD é muito caro, principalmente se você tem que contratar músicos de apoio e coisas do tipo, então... Ta meio difícil... estamos esbarrando numa barreira financeira.
Fora isso estou trabalhando no CD da ESYLIUM que até este momento é a minha prioridade, de repente após o lançamento deste debut eu tenha mais condições de pensar no da DW, sem contar que até ai o Rodrigão vai estar 200%!!!
Paulo Roberto Dias:
A Esylium teve um boom de popularidade a partir de quando foi levantada a hipótese de você entrar para a banda. Como você encara a pressão de ser o centro das atenções quando se fala de Esylium ou DragonWings?
Rogério Fernandes:
Não há pressão, pois não sou o centro das atenções. São duas situações diferentes: Com relação à DragonWings, eu sou o único que restou, então é normal que recaia sobre mim, mas com a ESYLIUM são quatro caras brigando pra levar essa banda “para o alto e avante”.
Pode até ser que eu tenha algum destaque por estar a mais tempo nessa brincadeira do que os rapazes, mas não sou o centro dos holofotes, a banda é, sempre dividimos a luta, o trabalho e com certeza é assim com os louros também.
Tanto eu, quanto o Pedrinho, o Rafael e o Nicolas temos a mesma importância quando o assunto é ESYLIUM.
Paulo Roberto Dias:
Você tem uma voz potente e um estilo de cantar que lembra muito ícones como Bruce Dickinson, Rob Halford, Steve Grimmet (etc). O que você faz para mantê-la e quais são suas influências?
Roger Fernandes:
Nossa, valeu mesmo, é muito gratificante receber um elogio desses. Bom, eu não sou o cara mais regrado do mundo, até por isso é comum eu me ferrar por não me cuidar muito. Faço o básico pelo menos. Antes de qualquer show fico uns três dias longe de coisas geladas e tento não forçar a voz... basicamente é isso.
Minhas influências são bem essas que você citou, mas pode incluir nesta lista Michael Kiske, Paul Stanley e Sammy Hagar também. Sempre fui louco pelo Heavy Metal e pelo Hard Rock oitentista.
Paulo Roberto Dias:
Como você começou a se interessar por Heavy Metal?
Roger Fernandes:
Basicamente eu sempre curti música pesada, fui migrando de uma coisa à outra até que conheci o Hard Rock e o Glam Rock. Foi tipo coisa de “Caralho que puta som!!!”. Passaram-se alguns anos e eu conheci uma garota muito especial, que me emprestou um tal CD “Ed Hunter”, duma banda que eu tinha um certo preconceito até aquele momento.... Iron Maiden. Resolvi ouvir e foi amor à primeira vista, eu já cantava, então, foi tipo: “Puta que pariu tenho que cantar que nem esse cara!!!”, e ai comecei a pesquisar e me interessar cada vez mais, então, se eu estou aqui hoje numa puta banda, eu devo primeiramente à Deus e depois a uma certa garota que mudou minha vida em muitos aspectos. (beijão Pri!).
Paulo Roberto Dias:
A Esylium tem músicas e letras muito fortes e plausíveis. Qual é a sua contribuição para o processo de composição?
Roger Fernandes:
Bom, eu meio que pego a música pronta já, então só adiciono as letras e a linha vocal. Dificilmente eu opino nas composições e arranjos, pois meu estilo é muito diferente, o que pode distanciar a ESYLIUM do que ela é musicalmente falando, e sabe como é, não se meche em time que está ganhando (rs).
Paulo Roberto Dias:
Tive a oportunidade de vê-los no Metal Total e embora os outros membros sejam mais “estáticos”, você tem uma presença de palco muito forte e característica. Você se sente à vontade no palco? O que você faz para se preparar antes de um show?
Roger Fernandes:
Não acho que os meninos sejam estáticos, os caras são ótimos ao vivo e eu não podia querer companheiros melhores pra encarar uma galera louca por Heavy Metal.
Cara, acho que não exista lugar onde eu me sinta mais a vontade do que no palco. Lá é onde eu libero toda a energia que esteve contida numa explosão de adrenalina e empolgação e me entrego totalmente ao público, é quase como um orgasmo... A sensação é ótima, e eu me sinto o cara mais feliz do mundo.
Quanto aos preparativos, geralmente eu gosto de ficar isolado, aquecendo as cordas vocais e me concentrando. Detesto, simplesmente odeio, ser interrompido neste momento.
Paulo Roberto Dias:
Ao definir o som da DragonWings há algum tempo, você disse que haveria muitos duetos de guitarra e uma característica bem trad-metal. Quais as principais diferenças entre a DragonWings e a Esylium?
Roger Fernandes:
Acho que a principal delas é liricamente falando. Enquanto a ESYLIUM aborda temas mais complexos e reais a DragonWings é mais voltada pro imaginário e fantástico, batalhas medievais e curtição, fora isso, a idéia é contar com duas guitarras e tenho a intenção de usar alguma coisa de teclado também, elementos que não usamos na ESYLIUM.
Paulo Roberto Dias:
O que você pode revelar sobre o álbum da DragonWings? Você já tem uma previsão de lançamento para este álbum?
Roger Fernandes:
Bom, o que posso dizer é que a idéia é me manter focado no estilo oitentista que é o que sempre me atraiu. Sou louco por bandas como Tokyo Blade, Tygers of Pan Tang, Running Wild, Grim Reaper, Saxon, Judas Priest, Iron Maiden, enfim…
Gostaria muito que o Rodrigo estivesse comigo nessa, e então prefiro esperar que ele melhore antes de começar a gravar alguma coisa, quanto a quem serão os outros... não tenho certeza ainda, então fica meio difícil de adiantar algo a mais como uma data de lançamento.
Paulo Roberto Dias:
E sobre a Esylium? Em que pé estão as gravações? Quando será lançado o Debut?
Roger Fernandes:
Pretendemos lançar em 2009, é uma meta a ser atingida. Estamos em fase de pré-produção, pensando em arranjos definitivos e coisas do tipo. Aguardem porque será do caralho!
Paulo Roberto Dias:
Dia 5 de junho deste ano, você fez menção de deixar a Esylium, deixando inclusive um comunicado na comunidade de vocês do Orkut e em seguida me pareceu que você foi coagido a continuar. Qual foi o real motivo de você ter querido sair? Hoje em dia você considera que a Esylium tem uma formação estável?
Roger Fernandes:
Cara, como eu disse naquele comunicado, eu não estava passando por momentos muito bons, e a ESYLIUM estava trabalhando muito forte, principalmente naquela época e eu não queria atrapalhar o ritmo com meus problemas pessoais, não fui coagido a continuar, os caras simplesmente me mostraram que queriam me ajudar e realmente ajudaram, me deram também um tempo que me ajudou a voltar com força total e por isso continuei na banda.
A formação da ESYLIUM é bem estável, até porque cada um de nós, Rafael, Nicolas, Pedro e eu somos parte fundamental nesta banda, a banda não seria o que é hoje sem nenhum de nós quatro e essa é nossa força e o que faz do nosso som algo único.
Paulo Roberto Dias:
Você se considera um membro oficial da banda ou um sideman?
Roger Fernandes:
Não há duvidas de que eu sou parte da ESYLIUM. Sou seu vocalista e pretendo continuar sendo por muitos anos. A ESYLIUM é uma família formada por quatro irmãos, ou seja, não há ninguém de fora e nossa idéia é manter as coisas desse jeito, simplesmente.
Paulo Roberto Dias:
Como último músico a entrar pra banda, você tem liberdade para participar das decisões tomadas na Esylium?
Roger Fernandes:
Não só tenho como devo, afinal todas elas influenciam diretamente minha carreira como um todo, fora isso, a ESYLIUM é um grupo, nenhuma decisão é tomada sem que a maioria esteja de acordo, há casos onde eu discordo e é assim também com os outros, mas se a maioria decidir, bom, caso encerrado.
Paulo Roberto Dias:
Existe uma liderança na Esylium? Você sente falta da liderança que exercia na DragonWings?
Roger Fernandes:
Não existe isso de líder na ESYLIUM, quer dizer, o Pedro e eu cuidamos mais dessa parte administrativa, mas todos influenciam em todas as decisões, ou seja, não há necessidade disso, somos suficientemente organizados pra não precisar de alguém dizendo o que fazer.
Com relação à DW, realmente não, até porque eu não era um líder (oficialmente falando), eu mantinha o foco e corria mais atrás, mas agora é praticamente um projeto solo, e será assim até estabilizar uma formação algum dia, então vai ter bem mais minha cara.
Paulo Roberto Dias:
Quais são as chances da DragonWings voltar com sua primeira formação?
Roger Fernandes:
Não dá pra dizer, não há uma conversa nesse sentido. Cada um está tocando a vida de maneira diferente e focando outras coisas, mesmo eu tenho a ESYLIUM como prioridade neste momento, então simplesmente não sei.
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